quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A espiritualidade em nós

Nessa semana, a revista Veja publicou uma matéria especial sobre “Vida depois da Vida.” De acordo com a publicação, uma pesquisa realizada em 23 países, identificou que 51% das pessoas acreditam em algum tipo de vida após a morte, inferno, paraíso ou reencarnação. No Brasil, esse percentual sobe para 72%. Jan N. Bremmer, escritor holandês, afirma que o Ocidente vive uma fascinação com a vida depois da morte como não se via desde o auge do espiritismo, entre 1850 e 1870.

A matéria menciona que os estímulos para a crença na imortalidade da alma variam bastante. Os terroristas, por exemplo, acreditam que suas ações extremistas os levarão ao paraíso, na companhia de 72 virgens. Os atentados, como o de 11 de setembro, modificaram a visão materialista dos americanos e recolocaram a religião no centro das discussões. Outro fator estimulante é a proliferação das pesquisas, que traz informações inovadoras como a de que temos uma predisposição genética para a espiritualidade. E que essa mesma espiritualidade nos dotou de um otimismo inato que nos ajuda até mesmo na procriação da espécie.

Dentre outros detalhes de experiências de quase morte que culminaram em estudos e pesquisas apuradas sobre o assunto, a matéria menciona uma frase incrível, que retrata o tamanho da nossa responsabilidade: Somos a única espécie com consciência da própria existência, mas o preço que pagamos por essa dádiva é a ansiedade de nos sabermos mortais”.


De todas as informações interessantes, que estão diretamente ligadas ao espiritismo, acredito que a mais relevante de todas é a tomada de consciência da existência de uma vida maior e de um propósito para nossas experiências terrenas. É a espiritualização de nossas condutas, pensamentos e sentimentos que, de acordo com a matéria, tem se expandido cada vez mais. A crença na vida após a morte e na reencarnação nos faz pessoas mais prudentes e responsáveis com nossas condutas e escolhas no presente. E mais do que isso, tira de Deus ou de qualquer outro ser a responsabilidade pela nossa felicidade ou fracasso. Quando assumimos a consciência da vida presente e futura, desenvolvemos o senso de propriedade sobre nossos atos e sobre a nossa vida. Nos libertamos de todas as muletas, de tudo o que nos paralisa e principalmente, de tudo o que nos pune. Não há ninguém para nos punir, julgar ou vigiar. Apenas a força do nosso interior.

Tenho conversado com muitas pessoas sobre a divulgação do bem e a proliferação do mal, em virtude da timidez da bondade. Por isso, resolvi compartilhar esse texto, para que juntos pudéssemos refletir sobre boas notícias, sobre o crescimento da idéia de espiritualidade e da responsabilidade entre nós. Encerro esse post com a frase de autoria de Joana de Angelis: “Nunca houve tanto amor na Terra”.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vitória da Vida

Essa semana nasceu no Brasil o primeiro bebê geneticamente selecionado. Maria Vitória tem 5 anos e é portadora de uma doença no sangue, talassemia, que faz com que receba transfusões de sangue a cada 20 dias e tome medicamentos fortes diariamente para diminuir a quantidade de ferro no organismo. Os pais procuraram ajuda de pesquisadores para garantir que o embrião, além de não carregar o gene da doença, fosse 100% compatível com a irmã, para facilitar o transplante sanguíneo do cordão umbilical. A partir daí, realizaram a fertilização in vitro.
O embrião foi desenvolvido no útero da mãe que, no último  sábado, deu a luz a uma pequena menina chamada Maria Clara. Essa bebezinha será a doadora da medula que a irmã necessita para levar uma vida normal e saudável.
Esse tema, assim como a clonagem e até as pesquisas mais recentes envolvendo células tronco, ainda causa polêmica entre os diversos setores da sociedade por divergências religiosas, ausência de legislação apropriada e até mesmo por ignorância sobre o assunto. A parte disso é um fato inédito em nosso país e me fez ter orgulho de ser brasileira. O avanço da medicina no Brasil tem sido incrível, curado pessoas, salvado vidas. Trabalhos magníficos de pesquisa têm sido realizados em diversas universidades brasileiras por gente talentosa, brilhante e dedicada. Gente focada em salvar vidas.
Desejo que essa família seja abençoada com a cura tão desejada e que novas famílias possam ser também beneficiadas pelo avanço da tecnologia médica, a mão de Deus em nossas vidas.

Os Descendentes

Fiz uma proposta a mim mesma de assistir todos os filmes indicados ao Oscar desse ano. Assisti todos os trailers e decidi que começaria por “Os descendentes”.
O filme é um drama que narra a história de uma família. Um pai e marido ausente, Matt King, que se vê sozinho com suas filhas adolescentes após um acidente de barco em que sua esposa fica em coma. Nesse meio tempo descobre, por meio de sua filha mais velha, que sua mulher o estava traindo.
Muito diferente de todas as histórias que envolvem traição, onde o marido, por mais ausente que seja, se coloca sempre na condição de vítima, o drama aborda o amor e suas diversas facetas. Entre as muitas demonstrações de afeto desse marido arrependido está a maior de todas:  a procura pelo amante de sua esposa, para avisá-lo de que ela está morrendo.
Coincidentemente, é um filme sobre o tempo. A sequência cronológica do filme acontece a partir do acidente e a história se desenrola de trás para frente até chegar ao começo. Ao final. Um drama denso, sutil e sensível, com uma trilha sonora incrível que ajuda a quebrar um pouco a tristeza do roteiro e dos nossos pensamentos.
George Clooney está magnífico em sua atuação, verdadeiro, comedido e muito talentoso. Sem dúvida nenhuma, merecedor do Globo de Ouro de melhor ator e da indicação ao Oscar. Vou torcer por ele no dia 26.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O curioso caso de Benjamin Button

Na terça-feira assisti (estou atrasada eu sei), "O curioso caso de Benjamim Button". Não havia me interessado por esse filme, até então, porque não sou muito apreciadora de ficções. Gosto de gêneros mais próximos da realidade. Mas eu estava enganada.

Não é novidade que o longa conta a história de um homem, Benjamim, que sofre de um mal (ou um bem) em que percorre o tempo em sentido contrário. Ao invés de envelhecer, ele rejuvenesce ao longo dos anos. Eu poderia discorrer sobre a maquiagem incrível, a trilha sonora, a fotografia. Poderia até concordar com muitas críticas que caracterizam a obra como auto-ajuda barata e tosca. Mas prefiro ficar com a sensação de que esse é um filme sobre muitas coisas.É um filme sobre o tempo. E sobre o que fazemos com ele. Sobre a efemeridade da vida e de tudo o que nos cerca. Toda a história, e até mesmo aquelas que permeiam o tema central, como a da nadadora que percorreu novamente o canal da mancha na velhice, me fez refletir que não temos prazo de validade. Não há limite de tempo para se reinventar, aprender novas línguas, novos costumes, ter uma vida da qual possa se orgulhar. E se, por acaso, descobrir que não se tem,  ter coragem para recomeçar.É um filme sobre o amor e sobre a sua transformação. Daisy começa a história amando Benjamim como ser humano. Ela ainda é uma criança e ele, um velho. Depois o ama como homem. E finaliza amando-o como um filho. Isso me fez pensar que não possuímos as pessoas, apenas os sentimentos. Não possuímos os momentos, a juventude, a beleza. Apenas as sensações. As emoções. Aquilo que construímos na parte de dentro desse universo que existe em nós. 


É um filme sobre destino. Sobre as  interligações de nossas vidas com a vida de estranhos. E tudo isso comandado por uma energia maior, que faz com que tudo ocorra exatamente no seu tempo para que cada pessoa vivencie exatamente aquilo que precisa. Nem mais nem menos. Apenas perfeito.Encerrei minha noite pensando que podemos, e devemos, perceber o tempo a nosso favor. Como nas cenas em que Benjamim, ainda velho, descobre as maravilhas da vida noturna e do sexo. Vive a paixão, parte em busca do novo, conhece lugares desconhecidos, trabalha. Tudo isso ainda na velhice. Uma analogia sensível àquilo que  podemos fazer, independente da idade. Nunca é tarde. Nem cedo. Basta ampliarmos o ponto de vista.