segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Balanço Geral

Último dia do ano. Tempo de recordar, ponderar, analisar os erros e reconhecer os acertos. E como não poderia deixar de ser, cá estou eu para encerrar o ano nesse espaço que foi minha casa durante muitos meses de 2012. 
2012. Ano do fim do mundo. De profecias, ditados, “achismos”, superstições. Um ano muito bom pra mim. Recobrei minha saúde. Tive prosperidade no trabalho. Tive mais trabalho. Me afastei de alguns amigos. Me aproximei de outros. Fiz novos amigos em lugares que nunca poderia imaginar.

Coloquei projetos pessoais para andar. Publiquei o blog no final de 2011 e aqui encontrei um canto de paz. Com meus poucos, porém tão carinhosos leitores, redescobri minha paixão pela escrita. Comecei um curso na casa espírita que frequento e não estou faltando (o que é, para mim, mais importante do que começar). Li muitos livros interessantes, assisti filmes incríveis, aprendi dança do ventre. Segui firme na yoga. Viajei. Me entristeci. Caí. Levantei. Mas, de tudo o que fiz e de tudo o que me aconteceu em 2012 o mais importante foi minha incessante busca pelo meu aprimoramento pessoal. Meus longos questionamentos a mim mesma sobre meus atos, meus sentimentos, minha dor, minha alma.
Como promessa para o ano novo, que na verdade não são promessas e sim planos, quero seguir firme no caminho que vai para dentro. Ter mais coragem. Cultivar a alegria. Não temer a mudança. Investir nas amizades que verdadeiramente valham a pena e que sejam trocas e não vias de mão única.Ter tempo de telefonar para aqueles que amo. Curtir minha família .

Quero agir de forma fiel àquilo que acredito. Quero estar somente onde tenho vontade. Não me preocupar tanto com os outros. Não me preocupar se vai ficar chato. Quero não buscar aprovação em 100% do tempo. Quero errar. Quero ser menos ingênua. Quero me expor sempre, mas me preservar mais. Quero emagrecer (e continuar magra). Quero sarar de qualquer sentimento que me corroa por dentro. Quero ser livre. 

Quero levar minha cachorrinha mais vezes para passear. 
Amar sem pensar no retorno. Ajudar. Rir. Me jogar nesse ano que começa a meia noite e que nasce dentro do meu coração, pulsante, sagitariano, amante da vida e do amor. Eu quero ser feliz em 2013. 

E você? Quais são os seus planos? Feliz ano novo! 










segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Skyfall

Fui assitir Operação Skyfall, confesso que meio a contragosto porque penso que esses filmes de ação são feitos para meninos. Muito tiro, golpes, lutas, fico até sem ar. Mas....estou dando o braço a torcer para o mais recente filme do 007. Claro que não vou contar a história mas posso garantir que esse filme é bem diferentes dos demais. Traz um herói mais perto da realidade humana. Do fracasso, que quase beira o alcoolismo, do vício, do cansaço. Apresenta aquela velha realidade que temos contato todos os dias de que o tempo passa pra todo mundo e que hoje não podemos mais exigir do corpo a agilidade de 15 anos atrás. Gostei da abordagem sobre o mercado de trabalho e a chegada de jovens, ainda muuuito jovens para disputar lugar conosco, mais velhos, mais endurecidos, mais preconceituosos. E são esses mesmos jovens que mostram que o mundo gira, se enobrece e que, ainda assim, há espaço para que todos possam brilhar. Não posso deixar de comentar a atuação do maravilhoso Javier Bardem, que interpreta um vilão SENSACIONAL. Quase não o reconheci nas primeiras cenas, com aquelas sobrancelhas tingidas de loiro. Sem dúvida, o melhor pensonagem e o melhor ator do filme. Adorei a trilha sonora, que abraça maravilhosamente a história e todos os conflitos que nela surgem e que nos fazem refletir em questões mais profundas, mesmo sendo um filme de ação. Curti e recomendo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Intocáveis


Assisti um filme maravilhoso essa noite e recomendo a todos que queiram muita sensibilidade e boas gargalhadas. Baseado numa historia real, o filme conta a história de Philip, um homem muito rico, de meia idade que se acidenta gravemente e fica tetraplégico. Ele procura por um cuidador. Driss é o candidato politicamente incorreto: não tem capacitação técnica, vive na periferia, é ex presidiário. Mas cativa Philip exatamente por não ter por ele um sentimento de piedade.
Os dois vivem situações inusitadas e muito engraçadas. Tornam-se amigos e passam a dividir suas deficiências que ultrapassam a barreira das limitações físicas. E me fez refletir que todos somos deficientes, na verdade. De afeto, de estrutura, de aventura, de felicidade. Todos dependemos uns dos outros para nos sentirmos completos e plenos.
Apesar do tema central ser um drama, os desdobramentos desse filme trazem um universo de emoções . A amizade que os dois nutrem um pelo outro é legítima e desprovida de qualquer interesse. É um ato de aceitação total de suas condições, suas limitações, seus defeitos. Sem cobrança, sem a acidez que nos torna tão solitários muitas vezes, porque não conseguimos aceitar plenamente o outro tal como é. Quando o que buscamos na vida é justamente sermos aceitos por inteiro. Por completo.
A ausência de piedade entre eles me comoveu muito, pois foi justamente ela que permitiu aos dois se ajudarem, partilharem a vida. Sinto muita piedade dos outros. E hoje me questionei o quanto isso é saudável e onde esse sentimento vai me levar. Pensei nas inúmeras situações em que sentimos pena de nós mesmos. Ficamos presos a situações, relacionamentos, empregos infelizes porque sentimos pena de nós mesmos. O quão permissivos nos tornamos por sentirmos dó.
Claro que devemos sentir compaixão por nossos amigos e até por desconhecidos que vivenciam experiências dolorosas. Compaixão não é piedade. Piedade não é solidariedade. É um sentimento fraco que nos oprime ao invés de nos impulsionar para a prática do bem, da amizade e do amor.

Você que lê esse meu post, assista esse filme! Vale muito a pena. Ele foi pré selecionado para  concorrer na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar de 2013. Super recomendo!!! Segue o trailler...







http://youtu.be/FpwuGtn8aGA

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pulmão de Aço


Poucas vezes um livro me tocou tanto como esse.  Pulmão de aço foi um dos primeiros aparelhos que permitiam que uma pessoa respirasse, mesmo após ter perdido o controle muscular ou diafragmático. Foi criado na década de 20 por Philip Drinker nos Estados Unidos. A máquina, quando ligada, exerce uma pressão no tórax, forçando a entrada de ar. Esse aparelho foi o precursor das UTIs e permitiu o tratamento de muitas pessoas. Eliana Zagui foi uma delas.
Eliana foi acometida por poliomielite quando era bem pequena e, quando conseguiu chegar ao Hospital das clínicas, a paralisia já havia acometido praticamente todo o seu corpo, restando apenas o movimento da cabeça. Respirou com a ajuda de aparelhos e a expectativa de vida dela era muito baixa.
O livro narra sua história e a de muitas crianças comprometidas pela pólio, internadas no Hospital das Clínicas. Eliana passou toda a sua infância e adolescência no hospital. Foi alfabetizada, aprendeu a movimentar objetos e a usar o computador com o auxílio de uma espátula movida por sua boca. Aprendeu a pintar lindos quadros.
O livro é tão rico de ensinamentos que sinto dificuldade para abordar toda a emoção que senti ao lê-lo. Perdi a conta de quantas vezes o fechei e chorei profundamente. Não só porque fui tocada com sua história mas também por ficar extremamente comovida com sua grandeza de alma, com sua perseverança e principalmente com seu amor a vida.
Minha vontade é contar aqui todas as passagens do livro que mais me emocionaram, mas não seria correto com as pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de ler. Até mesmo porque espero, com esse post que mais pessoas leiam esse livro e ganhem o mesmo presente que eu: a valorização da vida, da simplicidade do movimento, do afeto nas relações.
Apesar de tudo esse não é um livro triste. É um livro de superação, fé e coragem de uma criança que se tornou uma mulher incrivelmente forte e capaz de vencer as adversidades. O que me tocou infinitamente nesse livro é perceber quantas pessoas de bem existem. Pessoas interessadas no outro, no auxílio despretensioso, na bondade. Ainda que as visitas da família de Eliana tenham ficado escassas, pude observar quantos amigos e amigas ela adquiriu durante toda essa vida num leito de hospital. Amigos que a levaram para ver o mar, para participar de um baile de formatura, de uma festa de natal em família. Por amizade. Por amor.
Quero expressar aqui minha mais profunda gratidão pela autora desse livro e por, de alguma forma esse livro ter chegado em minhas mãos. O quanto aprendi com essas linhas, o quanto reforçou minha postura de valorizar aquilo que temos de mais simples na vida que é o movimento. O quanto reforçou minha crença de que há uma razão oculta em todas as coisas e que algo maior rege todo esse universo que carregamos dentro de nós.
Esse livro me falou de amor em sua forma mais pura. O amor pela vida, pela esperança, pela fé no ser humano e naquilo que podemos realizar, dentro do nosso coração. Vou finalizar com a frase que mais me tocou durante toda essa leitura: “Se fisicamente não posso andar, em minha mente sou capaz de voar sem limites.”



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

E aí, tá dando certo?!


Segunda-feira, depois do expediente saí na intenção de comprar um vestido para ir trabalhar. Minhas roupas de verão são muito curtas e despojadas. Próprias para os finais de semana. Entrei na primeira loja e escolhi alguns vestidos para provar. Não sei o que diabos acontece com os vestidos que a cada primavera estão menores.
Entrei no provador , vesti o primeiro. Já logo de cara senti que o vestido não ia servir. Era um vestido para uma moça de uns sete quilos a menos. Mas eu, orgulhosa que sou, quis entrar no bendito. Para provar a mim mesma que, claro, o vestido ficaria um pouco justo mas certamente fecharia.
O desfecho da história é um tanto quanto óbvio. O vestido entrou. Mas não saía nunca mais. Puxei, enrolei, deslizei e nada do vestido sair. E quanto mais eu puxava, mais me desesperava, mais suada eu ficava, e mais o vestido grudava. Cíclico. Infernalmente cíclico. Sentei no provador. Estava exausta. Eu ria tanto de mim mesma naquela situação ridícula, desnecessária. E enquanto tudo isso acontecia, a vendedora, da porta do provador gritava o mantra das vendedoras de shopping: E aí, tá dando certo?
Como pode dar certo se entrei no provador com um vestido pra criança? Devia ter uma lei, ou um regulamento interno que proibisse as vendedoras de seguir com o cliente até o provador. Não há nada pior do que provar uma roupa pequena ou ridícula e ter do lado de fora uma vendedora com pique de coordenadora de excursão gritando:  Mostra pra gente como é que ficou! Isso quando elas mesmas não abrem a porta do seu provador para mentir, descaradamente, que a calça 38 está linda em você, que usa manequim 42.
Um regulamento como esse também deveria existir nos caixas dos supermercados, para nos proibir de levar mais do que um pacote de bolacha recheada. Um fiscal em cada caixa, contabilizando os quilos a mais para cada inofensivo pacotinho de bolacha. Eu compro o pacote de bolacha e depois fico a semana inteira lutando comigo mesma para resistir. Estranho, não?!
Não há nada pior do que fazer dieta. E quando você começa a dieta, paira sobre você a maldição das festas. Se você decidir fazer dieta, pode apostar que receberá na mesma semana uma infinidade de convites para festas, Happy hours, cervejinha com petiscos, festinhas infantis, chás de bebês. É incrível. E quando, perseverante, você vai a festa, existe uma dúzia de pessoas que passarão o evento inteirinho atrás de você,te tentando. “Só um brigadeiro não faz mal’, “só uma esfiha não tem problema”, “Só um pedacinho de bolo”, “ Você não comeu nada”. Se você for comer a esfiha, o brigadeiro e o pedacinho de bolo todo seu esforço da semana inteira cai por terra. É....é difícil.
Me matriculei na academia. Começo a aula sempre disposta. Depois de dez minutos já quero alongar e ir tomar banho. Já é o suficiente para mim. Mas, persevero. Começa a dificultar quando minhas pernas e braços começam a pesar cem quilos cada um. Que esforço tenho que fazer para erguê-los....é realmente incrível como o corpo da gente pode ficar tão pesado em alguns minutos.
Quando toca o despertador, bem cedinho, me lembrando que é hora de me exercitar, morro de preguiça. Penso em desistir. Em dormir mais uma hora e meia. Na minha cama quentinha, aconchegante e macia. Mas, surge na minha mente o mantra: E aí, tá dando certo? Imediatamente me levanto e vou tomar banho.

*Imagens de Arthur de Pins

Colóquio Internacional sobre o amor


Em um sábado a noite fui a um espaço bem aconchegante prestigiar a peça de uma grande amiga. Tudo o que eu sabia sobre a peça era que se tratava sobre o amor. Imaginei muitas histórias, cenas, citações, mas qual não foi minha surpresa quando, logo no início, na fila da bilheteria dois simpáticos atores me abordaram perguntando seu eu achava ser possível amar outra pessoa sem antes me amar. Respondi que não. Amar o outro para mim é uma extensão do amor que temos por nós mesmos. Comprei o ingresso e entrei. Curiosa, confesso.
A princípio, percebi que se tratava mesmo de um simpósio, com direito a intervalo e café preto com bolachas. Mas, dentro de alguns instantes eu estaria mergulhada em diversas situações  que me levariam a me aprofundar no meu universo particular. As esquetes eram caricatas, sensíveis, ridículas, histéricas. E todas, sem exceção, extremamente profundas. O grupo apresenta muito entrosamento em cena, qualidade, verdade. Transparecem o cuidado com a arte, com o gesto, com a palavra.
Ri muito. Dos personagens, das situações ridículas interpretadas por eles. Ri de mim mesma. Vivenciei minha própria solidão, minha carência, minhas feridas. Minhas mágoas, a obscuridade da minha alma. Chorei. Me senti desconfortável. Quase pude tocar os meus sentimentos. Dancei. Participei de um baile, uma festa, um encontro. A dois. A sós. E a citação sobre o amor, aquela que imaginei de qual autor seria, na verdade era minha. Eram citações de toda a plateia. Profundas. Intensas. Legítimas. Os personagens foram meus espelhos. E minha boca falava por meio deles. Em cena estava o meu coração. A minha angústia. O meu desejo. A minha rejeição. A minha dor.
No fim da peça meus sentimentos todos se acotovelavam dentro de mim. Euforia, emoção, alegria, afeto. E profunda gratidão por aquele grupo, pela entrega em cena, pelo zelo com a plateia. Se pudesse definir o espetáculo em uma palavra ela seria: Visceral.
Finalizo com um trecho do grande poeta Oswaldo Montenegro

“Que a arte nos aponte uma resposta
 Mesmo que ela não saiba
 E que ninguém a tente complicar
 Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer;
 Porque metade de mim é platéia
 E a outra metade é canção...
 E que a minha loucura seja perdoada 

 Porque metade de mim é amor
 E a outra metade... também.”

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ô de casa!


Existem pessoas que, onde quer que estejamos, nos fazem sentir em casa. Abrem as portas e janelas do seu coração para acolher nossa alma, por vezes sedenta de amparo, consolo, sorriso ou apenas companhia. Sabem ouvir. Com atenção e carinho. E não com aquele desespero  dos egoístas que desejam completar a nossa frase com as ideias deles, é claro...

A qualquer hora, da noite ou do dia, quando batemos palmas no portão “Ô de casa”, sempre nos recebem, com um café feito na hora, uma fatia de bolo, ou um pedaço de pizza de ontem. Não importa. Sempre estamos em casa. Naturalmente acolhidos. Com aquela simplicidade nata dos amigos de verdade.
Acolhem as nossas descobertas. Nossas dúvidas. Nossos fracassos. Acolhem nossa essência e nos momentos de desespero, nos fazem lembrar dela. Porque nos conhecem. Nos aceitam. Nos amam.

Como descrever a sensação de estar em casa? A você? Poder sentar no chão. Andar descalça. Por o short do pijama, cozinhar sem avental. Requentar a janta de ontem, abrir a geladeira, mudar de canal, tomar um banho demorado. Estar entre amigos é estar em casa. Na nossa casa , no interior dos nossos anseios. Dos nossos mais secretos segredos. Tão bem guardados nesse silêncio amigo. Fraterno. Amoroso. Divino.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O Fliperama de Caine

Acredito que, a maioria de vcs tenha assistido a essa matéria no Fantástico domingo. Eu gostei tanto do video que separei um espaço, aqui no meu espaço, pra compartilhar. O video é sobre Caine, um menininho que construiu seu próprio Fliperama no espaço da loja de peças automotivas do pai. Enquanto o pai trabalhava, Caine se ocupava de desenvolver as máquinas. Não desenvolveu somente os jogos, mas também as fichas, o sistema de segurança para validação das fichas, a emissão dos tickets para os jogadores que fizessesm pontos e até mesmo um passe livre que dá direito a 400 jogos com validade para um mês!
Além da criatividade incrível desse menino, outros aspectos dessa pequena história me tocaram profundamente. Sua perseverança. Mesmo sem nenhum cliente, ele se sentava durante o dia todo a espera de alguém para brincar. Limpava os jogos, inovava. Fez uma camiseta e era o próprio garoto propaganda do seu estabelecimento.
O incentivo do pai. Pensei em quanta criatividade esse pai semeou na mente e no coração desse menino, por apoiá-lo com carinho, divertindo-se da inocência e do espírito empreendedor de seu filho.
A sensibilidade do primeiro cliente do Fliperama. Por dedicar sua atençao e seu tempo nos jogos. E mais do que isso, pelo desejo de transformar o dia de uma criança que ele conhecera tão recentemente. Pra finalizar, quantas pessoas de boas intenções existem! Pessoas que se comoveram com a causa e saíram de suas casas, num domingo a tarde, para brincar em jogos feitos de papelão, simplesmente para participar de um movimento que marcaria para sempre a vida de uma criança. Essas ações me tocam, me emocionam e me motivam. A crer na bondade. Na criatividade e na força do afeto em todas as relações. Excelente semana para todos!!!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Nas margens de mim

Eu me senti como um rei
Me larguei, dormi, nas margens de mim
Me perdi por querer, eu não fiz, não fui
Me desaprendi

Eu quis prestar atenção
Tudo o que é menor, mais lento e baldio
Deixo o rio passar tão voraz, veloz
Me deixo ficar

Quando o sol acena bate em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser

Me recolhi, fiquei só
Até florescer
Desapego e raiz, improviso e razão
Canto pra colher, agora e aqui

De qualquer maneira parte em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser


Teatro Mágico

domingo, 3 de junho de 2012

Metamorfoseando


Quando eu era pequena, não via a hora de poder atravessar a rua sem ter que dar a mão pra ninguém. De poder escolher minha própria roupa. De andar de ônibus sozinha. De ir a manicure. De alugar meu próprio filme na locadora. De poder tingir os cabelos. De trabalhar.De comprar minhas coisas.
Hoje viajo sozinha. Vou toda semana à manicure. Escolho minhas roupas todos os dias pela manhã. Cuido da casa, da saúde, do trabalho. Estudo, malho, danço, vivo. As vezes quero ter a mão de alguém pra segurar quando atravesso a rua. Quero que me digam o que fazer. O que seria mais apropriado vestir. Quero que me indiquem um filme bom.  As vezes crescer é tão complicado. Porque sou muitas dentro de mim. E me questiono se essa pluralidade é natural ou fruto de uma nostalgia boba que se apodera da gente quando nos damos conta de que envelhecemos.
Hoje li uma frase do Rubem Alves que dizia assim: “ A alma da gente é como uma borboleta. Há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose.” Quero ter essa força para metamorfosear durante toda uma vida. Refazer planos, voltar no tempo, aprender, sonhar, crescer. E quem sabe, envelhecer? O mais gostoso da vida é ser novo todo dia, diferente, transformado, intenso.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Somos tão jovens.....

Ontem fui ao show Tributo A Legião Urbana. Estava tão ansiosa que nem consegui dormir direito na terça-feira. E olha que pra me tirar o sono é difícil!!
Li várias críticas sobre a atuação do Wagner Moura no palco. Acredito que as pessoas  se preocuparam mais com a acidez das críticas do que com o momento em si. Renato Russo é insubstituível. Sua voz, os trejeitos quando cantava, a sensibilidade das suas composições nunca serão repostos por nenhuma figura do mundo artístico. Wagner Moura é um fã, como nós, da banda e teve a grande e maior oportunidade da sua vida de poder subir ao palco na companhia de seus ídolos Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá. E o fez como fã. Essa foi a grande sacada do Tributo. Wagner Moura é um ator, não cantor. Mas acima de tudo é uma pessoa corajosa, ousada e autêntica.
Estar no show foi uma experiência única pra mim que sou fã e amante dessa banda maravilhosa que cativou tanta gente ao longo da sua trajetória. Passei minha adolescência inteira ouvindo Legião, encaixando a minha vida nas letras. A dor do primeiro verdadeiro amor, as amizades tão sinceras, o conflito com os pais, o turbilhão de sentimentos e sensações que permeiam a adolescência foram todos vivenciados intensamente ao som de Legião. E hoje, 15 anos depois, pulando no show noto que continuo vivendo de forma tão verdadeira e que as letras continuam se encaixando na minha vida de uma maneira muito especial. Legião "é parte ainda do que me faz forte..." Foi uma das maiores emoções que já tive na vida.


"Tenho andado distraído.Impaciente e indeciso. E ainda estou confuso, só que agora é diferente. Sou tão tranquilo e tão contente."
"Sou um animal sentimental, me apego facilmente ao que desperta o meu desejo. Tente me obrigar a fazer o que eu não quero e você vai logo ver o que acontece."
“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo... O que foi escondido é o que se escondeu e o que foi prometido, ninguém prometeu. Nem foi tempo perdido. Somos tão jovens. Tão jovens. Tão joveeeeens.”






terça-feira, 15 de maio de 2012

Eu era tudo pra ela e ela me deixou


Se vc procura diversão e deliciosas gargalhadas vc irá ao lugar certo. Marcelo Medici interpreta 9 personagens hilariantes e muito diferentes entre si. O enredo é amarrado pelo pedido de divórcio de Dóris, após 10 anos de casamento. Ela expulsa o marido, Samuel, de casa e, sem abrigo ele perambula pelos mais estranhos lugares conhecendo todo tipo de gente.
Cabe destaque ao bandido, com suas gírias e trejeitos bem caracterizados. Ao bêbado, com sua explanação hilariante sobre os carecas e os tipos de tratamento disponíveis no mercado e, o melhor de todos: o fanho, que aguarda o entregador de pizza, que sempre traz seu pedido errado.
Gargalhei do começo ao fim. Os atores são sensacionais, com total mérito ao Marcelo Medici que é um comediante fantástico, com um dom para divertir e encantar as pessoas.

Recomendo.... um programão...divertidíssimo!!!
Em cartaz no Teatro Faap as sextas, sábados e Domingos.
Com Marcelo Medici e Ricardo Rathsam.

Maiores informações acesse: http://www.faap.br/teatro/emcartaz.html

Redenção


Baseado em uma história real, Gerard Butler interpreta Sam Childers, um ex presidiário, viciado em drogas, pai de uma menina pequena e casado com uma stripper, igualmente viciada. Sai da cadeia com o caráter pouco reestabelecido e procura a mesma vida marginal. Enquanto esteve na cadeia, sua esposa, Lynn, interpretada por Michele Monaghan passa a frequentar uma igreja evangélica e consegue vencer o vício e abandonar o trabalho como stripper. Sam Childers, cansado de uma vida inteira de crimes, passa a frequentar a igreja, até mesmo intrigado pelo bem que fizeram a Lynn e sua filha.
O filme toma uma proporção que vai muito além da história da evangelização de um homem. Sam transforma-se em um novo homem. Refaz sua vida profissional, dedica-se a igreja e com o passar do tempo envereda-se em trabalhos voluntários na África. A princípio, construindo casas em Uganda. A partir do que seria uma curta estadia, Sam conhece o Sudão e tem um contato muito sensível ao drama de tantas famílias, destroçadas pela guerra civil que visa o controle político-religioso da região.
Esse contato passa a ser a motivação de sua existência e inicia-se um longo trabalho construindo abrigos para os órfãos da guerra, levando alimentação e lazer para as crianças mutiladas, estupradas e vitimadas pela crueldade do seu próprio povo. Sam torna-se pastor na Pensilvânia e, apoiado por sua família, mobiliza todos os seus recursos para ajudar o Sudão. Fica popular na Árica, conhecido como o Pastor Branco e passa a atuar militarmente, na luta daqueles que se tornaram o seu povo.
O filme aborda de forma bastante dolorida os conflitos da humanidade. Os conflitos de raças, de poder, os religiosos e principalmente, aqueles que temos interiormente. O personagem é um anti-herói, criminoso, viciado. Um homem com uma vida tortuosa, repleta de erros. Um homem que tem dois caminhos: culpar-se pelo mal que já havia praticado ou  lutar pelo bem dos que sofrem. Ele faz a escolha de renovar sua vida através do trabalho pelo próximo, abandonando a culpa e o olhar pejorativo sobre o seu passado.
A mudança que ele consegue realizar na África nada mais é do que a extensão de sua transformação interior, conquistada por meio do evangelho e do amor ao próximo. O personagem edifica e se torna pastor de uma igreja dentro do seu próprio bairro, onde as pessoas conheciam sua história, seus erros e seus crimes. Mesmo assim, teve coragem de se expor por um bem maior.

O filme ilustra uma frase de Paulo de Tarso “Fé sem obras é fé morta”. Sam e toda a sua história vivenciam esse ensinamento de forma muito visceral. É um filme sobre reforma íntima, é um filme sobre transformação de uma vida, sobre merecer e dar-se uma segunda chance todos os dias. Mas acima de tudo, é um filme sobre o amor. Amor a Deus. Amor ao próximo e amor a nós mesmos.

Recomendo.....Redenção.

Assista o trailler. Vale a pena!



A Casa Vazia


Com certa frequência Rosamund Pilcher é minha leitura preferida de férias. Sou apaixonada por seu estilo e sua sensibilidade. A casa vazia é uma história sobre Virgínia Keyle, mãe de dois filhos: Cara e Nicholas, que são criados pela babá, Nanny. Virginia acaba de ficar viúva e viaja até a Cornualha para se restabelecer da perda.
De paisagem bucólica, a Cornualha proporciona a Virgínia o reencontro com um grande amor do passado, Eustace, fazendeiro da região, e grande amigo que a inspira a lutar pelos filhos e ter a vida que sempre sonhou.
Cornualha
Virginia casou-se muito jovem e vivenciou um relacionamento solitário e infeliz, mas dedicou-se como esposa e como mãe até que um acidente automobilístico, no qual ficou viúva, fez com que repensasse toda sua vida e enxergasse uma segunda chance para amar de novo e ser feliz.
É uma leitura de férias, amena e delicada. Rosamund tem como característica deter-se mais nos perfis psicológicos e nas paisagens do que na própria história. Conseguimos captar todos os detalhes, visualizar os personagens e até seus trejeitos. O livro aborda a dificuldade da personagem em se posicionar perante a vida e as decisões. A luta interior e a insegurança em lançar-se em algo novo e desconhecido, como criar os filhos, mudar-se de casa, assumir um novo relacionamento, conquistar um emprego. Aborda o medo que, na verdade, todos temos, em maior ou menor grau em assumir desafios. Mas traz uma mensagem muito positiva e real, sobre os recursos que temos para vencer nossas limitações. Os recursos que estão, sempre, dentro de nós mesmos.

Recomendo....

A Casa Vazia....Rosamund Pilcher.






American Pie - O reencontro


Para quem curte a sequência do American Pie, como eu, vale a pena assistir e matar a saudade. Todos os personagens, agora na idade adulta, vivenciam outras situações, mais maduras porém igualmente engraçadas. Jim e Michele se casaram e tiveram um bebezinho e lutam contra a falta de tempo para o casamento.Kevin é casado e passa grande parte do tempo assistindo aos seriados norte americanos e cuidando da casa. Oz se tornou apresentador de um programa esportivo e participou da versão americana de “Dança dos famosos”. Finch , na minha visão, o mais engraçado,( para quem não se lembra, Finch ficou com a mãe do Stifler), faz viagens pela America do Sul com sua moto.
Esses amigos combinaram um reencontro da turma de 1999 e decidiram se encontrar dois dias antes para matar a saudade e curtirem o final de semana. Esse reencontro foi recheado daquelas situações que só existem no American Pie: mal entendidos, desencontros, situações bizarras....é um pastelão divertidíssimo...eu, adoro....

Recomendo...American Pie - O Reencontro.

domingo, 8 de abril de 2012

A fada azul

Minha mãe é uma daquelas pessoas que se pode chamar de interessante.  É amante do vinho e da boa música. Entre as cantigas de ninar de seu repertório, Chico Buarque fazia parte. Interpreta fatos, filmes. E a família para ela telefonava, porque volta e meia interpretava também os sonhos. Não combina roupas. Há algum tempo esse vício se apresenta de forma mais acentuada, blusa e calça não ornam com nada. E o sapato, ah... o que era o sapato? Senão um detalhe sem importância no todo.
Ama os animais e sabe ser amiga deles. Os cachorros gostam dela, os peixes, os passarinhos. Com ela aprendi a amar as árvores de flores amarelas, lilás, azuis. Os girassóis. O mar, o sol. E caminhar com ela, em qualquer lugar, me dá sempre a sensação de estar ao seu lado na beirinha de água no mar.
Tem um riso fácil e alegre. E de todas as piadas, há sempre uma que a faz chorar. Não consegue conter-se e acabava por divertir todas as pessoas. Não pela piada, mas pelo riso. É sempre ocupada com alguma coisa. Levar a tia ao médico. A avó na padaria. O filho do sobrinho da vizinha lá em Piracicaba porque o menino estava doente e havia uma benzedeira de quem ouviram falar bem. É toda ela carregada de artigos para doação. Não havia oportunidade em que abrisse o porta-malas do carro e encontrasse espaço para por compras e sacolas. Estava tomado de donativos. Aos pobres, ao asilo da Vila Diva, ao bazar beneficente. Estava sempre metida em arrecadar um panetone, um ovo de páscoa ou um par de meias para alguma família carente. Vender rifas para alguma obra assistencial, doar a cesta básica, procurar um médico decente para atender aquela menina doente.
É cercada de amigos. Porque irradia ternura. E estar ao seu lado, parado e em silêncio, é o suficiente para sentir paz.
Por mais agitado que estivesse o programa, onde quer que recostasse a cabeça, dormia. Lenta e profundamente. Chegava a sonhar.  Mas quando o telefone tocava, uma, duas, sete vezes, para então ser atendido, quando a questionávamos, nunca estava dormindo.
Diverte-se com as crianças como com os adultos. Ri das gracinhas deles. E conta aos outros, controlando-se para conter o riso. Aberto. Inocente. Ríamos todos, dos apelidos, da gozação da criançada na escola, da graça que ela encontrava neles.
Todo pequeno programa adquire a importância de um evento. Uma caminhada, um almoço, um show no parque ou no camarote, tem para ela o mesmo valor. Nada a faz escrava. O dinheiro, o carro, a casa. Gosta é de gente ao seu redor, enchendo a sua casa de bagunça, de vozes falando todas ao mesmo tempo, junto com o latido do cachorro, a campainha, o jogo de futebol a todo volume na televisão.
É religiosa, de alma ecumênica. Se a chamassem para a inauguração da capela em Nossa Senhora do Bom Jesus, lá estava ela. Se o convite fosse para assistir a peça das noviças do interior paulista, comparecia também. Respeita as crenças, os ritos, os templos. Acima de tudo, respeita as pessoas. E por isso, dá um significado todo particular a cada um dos acontecimentos.
Tem dentro de si todos os sonhos do mundo. É professora, amiga, filha, companheira, esposa. Mas de todos os papéis, o que nos faz mais felizes, é o seu papel de mãe. É toda generosidade e amor. Perdão. Afeto. Caridade. E todos os problemas, todas as dores mais profundas do nosso coração, tornam-se suportáveis ao seu lado. 
Oswaldo Montenegro compôs uma canção. A canção de minha mãe. Chama-se fada azul. Diz assim:
“Ela canta as fases da lua, tece o vento e o ar rodopia. Põe no colo os bichos das ruas, põe no chão quem quer correria, põe a mão de alguém entre as suas, e é o nascer de um sol, mais um dia.
Do aroma rosa da arte, ela extrai a cor da alegria. Do lilás do olhar de quem parte, faz o azul de quem ficaria. Do vermelho ardor do estandarte, do nascer do sol, mais um dia.”

Parabéns, mãe....Eu amo vc.







quarta-feira, 21 de março de 2012

Outono

Conversando com minha melhor amiga, comentamos sobre a celebração do outono e de tudo o que ele representa. Coincidentemente ontem, em minha prática semanal de yoga, tivemos uma aula voltada para a chegada dessa nova estação. Sempre senti a presença de Deus na natureza. Acredito que, por influência da minha criação, sou uma pessoa bastante ligada ao vento, à chuva, aos animais, ao por - do- sol. Mas sentia até mesmo certo distanciamento entre a natureza e eu. Para mim, tudo era obra da criação de Deus, porém, separadamente.
A filosofia da Yoga nos apresenta a idéia de que somos parte da natureza. Ela não está fora de nós, mas em todos os nossos gestos e valores íntimos. Esse novo olhar tem me feito descobrir coisas maravilhosas, como sentir a chegada de uma nova estação dentro de mim.
O outono é caracterizado pelas folhas que secam e caem, dando vazão a um período longo de inverno. Assim acontece com a gente. Podemos considerar o outono como um período de reflexão e desprendimento de tudo aquilo que já não nos serve mais. Daquilo que naturalmente seca e cai. Um comportamento, uma crença, um trabalho, um relacionamento. É o período da seleção natural, onde identificamos sentimentos, observamos nossas reações mais secretas e separamos o joio do trigo. Para então, no inverno, amadurecer a proposta da mudança. O inverno, ao longo da história, sempre foi caracterizado por períodos de hibernação e isolamento. Não havia nada mais a se preocupar a não ser aquietar-se e estar em contato com vc mesmo. Que a hibernação possa representar para nós um período de introspecção, de aprofundamento dos nossos propósitos, de reencontro com a gente mesmo.
Aprendendo com a natureza, que a proposta da mudança possa fluir em nós com a energia da tranqüilidade. Naturalmente. Sem traumas. Sem medos. Obedecendo a força dos ventos e sentindo o calor do sol. Sentindo-se parte dessa mesma natureza, que as estações do ano progridam em nós, refletindo a transformação e nos preparando para um novo plantio, com novas idéias, novos projetos, novos rumos. Afinal, a única coisa permanente na vida não é a mudança? Mudemos então....

segunda-feira, 12 de março de 2012

Um dia

Em homenagem a minha irmã, peguei emprestado o livro “Um dia”. O livro conta sempre o mesmo dia ,de cada ano, do casal: Emma e Dexter. Eles se conhecem bem novos e passam juntos a noite da formatura. Depois, cada um segue a sua vida, tem seus próprios relacionamentos,  se encontram e desencontram ao longo do tempo.

Dexter é jovem, bonito e popular. Torna-se um famoso apresentador de programas de auditório. Emma é reservada, intelectual, atriz. Amam-se de formas diferentes e durante toda a vida. Relacionam-se como amigos, amantes, namorados, marido e mulher. Embora clichê, é possível perceber a mensagem nas entrelinhas. Mais uma vez, é uma história sobre o tempo. Sobre a dificuldade de perceber o amor que está em nós e nas pessoas ao nosso redor. Sobre a efemeridade da juventude e do sucesso e da permanência da única coisa verdadeiramente importante: o amor.
Um dia.....David Nicholls

quinta-feira, 1 de março de 2012

O reverso da moeda

A matéria de capa da Super Interessante desse mês está simplesmente sensacional. Reservei um espaço longo para abordar esse assunto porque considerei, literalmente, super interessante. Aborda o lado bom de nossos traços de personalidade aparentemente fora dos padrões de normalidade. Transcrevi e comentei algumas emoções, mas vale muito a pena ler a matéria na íntegra.
Depressão.
Do ponto de vista clínico não há benefícios nessa doença. Ela causa sofrimento, idéias fixas e os doentes isolam-se socialmente. O médico Randolph Nesse, da Universidade de Michigan,  afirma que a depressão tem a mesma função de uma dor: garantir nossa sobrevivência diante de um risco. A euforia e a depressão serviriam para regular nossas ações na busca por um objetivo.
O psicólogo americano Eric Klinger defende a idéia de que o progresso na busca por objetivos melhora o estado de ânimo de uma pessoa e faz com que assuma mais riscos. Quando esses esforços falham, há um recuo e a pessoa começa a se preservar mais. Essa depressão leve seria o pano de fundo para a introspecção e reflexão na tomada de atitudes, considerando até mesmo a mudança de planos para objetivos inalcançáveis.
 Ou seja: depressivos abrem mão mais facilmente de planos inatingíveis. Depressivos dão menos murro em ponta de faca. Porque tendem a se preservar. A depressão é uma defesa do organismo contra pontenciais frustrações.

Ansiedade
Segundo Randolph Nesse, ansiedade é medo de algo que não é necessariamente real. É uma emoção. É um padrão de respostas em situações que podem provocar riscos ou oportunidades. A ansiedade nos faz fugir ou lutar quando nos sentimos ameaçados. O fígado libera glicose, a freqüência cardíaca aumenta menos sangue circula pela pele e mais vai para os músculos. E assim o corpo fica preparado para agir as mais variadas situações. Seja a animais, altura, escuridão ou até mesmo a um emprego que detestamos ou um relacionamento ruim.
Ou seja: A ansiedade é a luz de emergência das emoções. Soa como um alarme para que vc mude de vida, quando necessário.

Timidez
Segundo estudos do psicólogo Jerome Kagan, os tímidos são introspectivos e mais vulneráveis a depressão e a ansiedade. Porém podem ser empáticos, cuidadosos e cooperativos, desde que se sintam em sua zona de conforto. Uma pessoa introvertida tende a ser uma excelente profissional pois concentra a mente em uma só atividade ao invés de gastar tempo e energia em assuntos que não estejam ligados ao trabalho. A solidão também permite focar nas próprias falhas e treinar até chegar a perfeição. Esse tipo de prática é bastante comum em atletas e grandes músicos.
Déficit de atenção e hiperatividade
Distúrbio muito estudado e comentado nos últimos anos, quem sofre de déficit de atenção tem dificuldade de concentração, esquece datas e compromissos importantes, tarefas são realizadas pela metade. Esse padrão de comportamento pode, muitas vezes, custar o emprego ou o relacionamento. Em contrapartida, quem tem TDAH é ótimo em brainstorms, pois não se sente inibido em dar idéias aparentemente estranhas. São criativos, destemidos e ágeis. Personalidades importantes como Thomas Edison e Che Guevara foram diagnosticados com TDAH.
Ou seja: Quem tem a cabeça na lua pode enxergar soluções que as pessoas com os pés no chão não vêem.

É incrível encontrar correntes de pensamentos como essas. Vivemos tempos de autoconhecimento, de práticas de yoga, buscas espirituais. Cada vez mas identificamos traços de nossa personalidade, nossas virtudes mas também nossos vícios e defeitos. Linhas de estudos como essa fazem nossos defeitos parecerem naturais e, por que não, parte do processo de ascensão moral. 
Conhecendo a face boa de um defeito podemos usá-lo a nosso favor, no desenvolvimento do nosso potencial. Assim como esses padrões de comportamentos, existem muitos outros onde também podemos observar traços do bem. A inveja nos impulsiona ao trabalho e a um esforço maior na busca de um carro ou uma promoção como a de nosso colega. O orgulho nos ensina a nos amar em primeiro lugar para depois estender esse amor ao próximo. Enfim, em todas as coisas e em todas as emoções há a energia do bem. Por meio dela crescemos, evoluímos e desenvolvemos o nosso potencial com o que temos de melhor e de pior.

Recomendo.....
O lado bom dos seus problemas.
Super Interessante de março/2012.

Desconstrução

Soltar a veia poética.
Desobstruir as palavras.
Desorganizar as idéias.
Usar novo vocabulário.
Fazer novo corte de cabelo.
Revolucionar o gênero musical.
Escrever. Libertar.
Livre da veia crítica. Livre de fazer sentido. Apenas fluir. Deixar a vida pulsar.
Deixar o que é belo sair pelo prisma do meu olhar, lírico, poético e desarmonioso.
Único.
Apreciar a palavra que sai pela boca.
Artística.
Amorosa.
Singular.
Buscar gestos.
Procurar significados.
Consultar.
Ler.
Criar.
Enriquecer.
A alma. A mente. A tarde.
A tarde quente.
Agradável como o hálito da vida que pulsa em tudo.
Nas paredes de todos os lugares onde estive.
E onde, com certeza, estarei.
Tudo o que há em mim é vida, fogo e som.
Poesia, música e arte.
Que pulsa, pulsa, pulsa, pulsa, pulsa, pulsa, pulsa.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A espiritualidade em nós

Nessa semana, a revista Veja publicou uma matéria especial sobre “Vida depois da Vida.” De acordo com a publicação, uma pesquisa realizada em 23 países, identificou que 51% das pessoas acreditam em algum tipo de vida após a morte, inferno, paraíso ou reencarnação. No Brasil, esse percentual sobe para 72%. Jan N. Bremmer, escritor holandês, afirma que o Ocidente vive uma fascinação com a vida depois da morte como não se via desde o auge do espiritismo, entre 1850 e 1870.

A matéria menciona que os estímulos para a crença na imortalidade da alma variam bastante. Os terroristas, por exemplo, acreditam que suas ações extremistas os levarão ao paraíso, na companhia de 72 virgens. Os atentados, como o de 11 de setembro, modificaram a visão materialista dos americanos e recolocaram a religião no centro das discussões. Outro fator estimulante é a proliferação das pesquisas, que traz informações inovadoras como a de que temos uma predisposição genética para a espiritualidade. E que essa mesma espiritualidade nos dotou de um otimismo inato que nos ajuda até mesmo na procriação da espécie.

Dentre outros detalhes de experiências de quase morte que culminaram em estudos e pesquisas apuradas sobre o assunto, a matéria menciona uma frase incrível, que retrata o tamanho da nossa responsabilidade: Somos a única espécie com consciência da própria existência, mas o preço que pagamos por essa dádiva é a ansiedade de nos sabermos mortais”.


De todas as informações interessantes, que estão diretamente ligadas ao espiritismo, acredito que a mais relevante de todas é a tomada de consciência da existência de uma vida maior e de um propósito para nossas experiências terrenas. É a espiritualização de nossas condutas, pensamentos e sentimentos que, de acordo com a matéria, tem se expandido cada vez mais. A crença na vida após a morte e na reencarnação nos faz pessoas mais prudentes e responsáveis com nossas condutas e escolhas no presente. E mais do que isso, tira de Deus ou de qualquer outro ser a responsabilidade pela nossa felicidade ou fracasso. Quando assumimos a consciência da vida presente e futura, desenvolvemos o senso de propriedade sobre nossos atos e sobre a nossa vida. Nos libertamos de todas as muletas, de tudo o que nos paralisa e principalmente, de tudo o que nos pune. Não há ninguém para nos punir, julgar ou vigiar. Apenas a força do nosso interior.

Tenho conversado com muitas pessoas sobre a divulgação do bem e a proliferação do mal, em virtude da timidez da bondade. Por isso, resolvi compartilhar esse texto, para que juntos pudéssemos refletir sobre boas notícias, sobre o crescimento da idéia de espiritualidade e da responsabilidade entre nós. Encerro esse post com a frase de autoria de Joana de Angelis: “Nunca houve tanto amor na Terra”.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vitória da Vida

Essa semana nasceu no Brasil o primeiro bebê geneticamente selecionado. Maria Vitória tem 5 anos e é portadora de uma doença no sangue, talassemia, que faz com que receba transfusões de sangue a cada 20 dias e tome medicamentos fortes diariamente para diminuir a quantidade de ferro no organismo. Os pais procuraram ajuda de pesquisadores para garantir que o embrião, além de não carregar o gene da doença, fosse 100% compatível com a irmã, para facilitar o transplante sanguíneo do cordão umbilical. A partir daí, realizaram a fertilização in vitro.
O embrião foi desenvolvido no útero da mãe que, no último  sábado, deu a luz a uma pequena menina chamada Maria Clara. Essa bebezinha será a doadora da medula que a irmã necessita para levar uma vida normal e saudável.
Esse tema, assim como a clonagem e até as pesquisas mais recentes envolvendo células tronco, ainda causa polêmica entre os diversos setores da sociedade por divergências religiosas, ausência de legislação apropriada e até mesmo por ignorância sobre o assunto. A parte disso é um fato inédito em nosso país e me fez ter orgulho de ser brasileira. O avanço da medicina no Brasil tem sido incrível, curado pessoas, salvado vidas. Trabalhos magníficos de pesquisa têm sido realizados em diversas universidades brasileiras por gente talentosa, brilhante e dedicada. Gente focada em salvar vidas.
Desejo que essa família seja abençoada com a cura tão desejada e que novas famílias possam ser também beneficiadas pelo avanço da tecnologia médica, a mão de Deus em nossas vidas.

Os Descendentes

Fiz uma proposta a mim mesma de assistir todos os filmes indicados ao Oscar desse ano. Assisti todos os trailers e decidi que começaria por “Os descendentes”.
O filme é um drama que narra a história de uma família. Um pai e marido ausente, Matt King, que se vê sozinho com suas filhas adolescentes após um acidente de barco em que sua esposa fica em coma. Nesse meio tempo descobre, por meio de sua filha mais velha, que sua mulher o estava traindo.
Muito diferente de todas as histórias que envolvem traição, onde o marido, por mais ausente que seja, se coloca sempre na condição de vítima, o drama aborda o amor e suas diversas facetas. Entre as muitas demonstrações de afeto desse marido arrependido está a maior de todas:  a procura pelo amante de sua esposa, para avisá-lo de que ela está morrendo.
Coincidentemente, é um filme sobre o tempo. A sequência cronológica do filme acontece a partir do acidente e a história se desenrola de trás para frente até chegar ao começo. Ao final. Um drama denso, sutil e sensível, com uma trilha sonora incrível que ajuda a quebrar um pouco a tristeza do roteiro e dos nossos pensamentos.
George Clooney está magnífico em sua atuação, verdadeiro, comedido e muito talentoso. Sem dúvida nenhuma, merecedor do Globo de Ouro de melhor ator e da indicação ao Oscar. Vou torcer por ele no dia 26.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O curioso caso de Benjamin Button

Na terça-feira assisti (estou atrasada eu sei), "O curioso caso de Benjamim Button". Não havia me interessado por esse filme, até então, porque não sou muito apreciadora de ficções. Gosto de gêneros mais próximos da realidade. Mas eu estava enganada.

Não é novidade que o longa conta a história de um homem, Benjamim, que sofre de um mal (ou um bem) em que percorre o tempo em sentido contrário. Ao invés de envelhecer, ele rejuvenesce ao longo dos anos. Eu poderia discorrer sobre a maquiagem incrível, a trilha sonora, a fotografia. Poderia até concordar com muitas críticas que caracterizam a obra como auto-ajuda barata e tosca. Mas prefiro ficar com a sensação de que esse é um filme sobre muitas coisas.É um filme sobre o tempo. E sobre o que fazemos com ele. Sobre a efemeridade da vida e de tudo o que nos cerca. Toda a história, e até mesmo aquelas que permeiam o tema central, como a da nadadora que percorreu novamente o canal da mancha na velhice, me fez refletir que não temos prazo de validade. Não há limite de tempo para se reinventar, aprender novas línguas, novos costumes, ter uma vida da qual possa se orgulhar. E se, por acaso, descobrir que não se tem,  ter coragem para recomeçar.É um filme sobre o amor e sobre a sua transformação. Daisy começa a história amando Benjamim como ser humano. Ela ainda é uma criança e ele, um velho. Depois o ama como homem. E finaliza amando-o como um filho. Isso me fez pensar que não possuímos as pessoas, apenas os sentimentos. Não possuímos os momentos, a juventude, a beleza. Apenas as sensações. As emoções. Aquilo que construímos na parte de dentro desse universo que existe em nós. 


É um filme sobre destino. Sobre as  interligações de nossas vidas com a vida de estranhos. E tudo isso comandado por uma energia maior, que faz com que tudo ocorra exatamente no seu tempo para que cada pessoa vivencie exatamente aquilo que precisa. Nem mais nem menos. Apenas perfeito.Encerrei minha noite pensando que podemos, e devemos, perceber o tempo a nosso favor. Como nas cenas em que Benjamim, ainda velho, descobre as maravilhas da vida noturna e do sexo. Vive a paixão, parte em busca do novo, conhece lugares desconhecidos, trabalha. Tudo isso ainda na velhice. Uma analogia sensível àquilo que  podemos fazer, independente da idade. Nunca é tarde. Nem cedo. Basta ampliarmos o ponto de vista.