terça-feira, 26 de junho de 2012

Nas margens de mim

Eu me senti como um rei
Me larguei, dormi, nas margens de mim
Me perdi por querer, eu não fiz, não fui
Me desaprendi

Eu quis prestar atenção
Tudo o que é menor, mais lento e baldio
Deixo o rio passar tão voraz, veloz
Me deixo ficar

Quando o sol acena bate em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser

Me recolhi, fiquei só
Até florescer
Desapego e raiz, improviso e razão
Canto pra colher, agora e aqui

De qualquer maneira parte em mim
Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz
Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples
Difícil mesmo é ser


Teatro Mágico

domingo, 3 de junho de 2012

Metamorfoseando


Quando eu era pequena, não via a hora de poder atravessar a rua sem ter que dar a mão pra ninguém. De poder escolher minha própria roupa. De andar de ônibus sozinha. De ir a manicure. De alugar meu próprio filme na locadora. De poder tingir os cabelos. De trabalhar.De comprar minhas coisas.
Hoje viajo sozinha. Vou toda semana à manicure. Escolho minhas roupas todos os dias pela manhã. Cuido da casa, da saúde, do trabalho. Estudo, malho, danço, vivo. As vezes quero ter a mão de alguém pra segurar quando atravesso a rua. Quero que me digam o que fazer. O que seria mais apropriado vestir. Quero que me indiquem um filme bom.  As vezes crescer é tão complicado. Porque sou muitas dentro de mim. E me questiono se essa pluralidade é natural ou fruto de uma nostalgia boba que se apodera da gente quando nos damos conta de que envelhecemos.
Hoje li uma frase do Rubem Alves que dizia assim: “ A alma da gente é como uma borboleta. Há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose.” Quero ter essa força para metamorfosear durante toda uma vida. Refazer planos, voltar no tempo, aprender, sonhar, crescer. E quem sabe, envelhecer? O mais gostoso da vida é ser novo todo dia, diferente, transformado, intenso.