Segunda-feira,
depois do expediente saí na intenção de comprar um vestido para ir trabalhar.
Minhas roupas de verão são muito curtas e despojadas. Próprias para os finais
de semana. Entrei na primeira loja e escolhi alguns vestidos para provar. Não
sei o que diabos acontece com os vestidos que a cada primavera estão menores.
Entrei no
provador , vesti o primeiro. Já logo de cara senti que o vestido não ia servir.
Era um vestido para uma moça de uns sete quilos a menos. Mas eu, orgulhosa que
sou, quis entrar no bendito. Para provar a mim mesma que, claro, o vestido
ficaria um pouco justo mas certamente fecharia.
O desfecho
da história é um tanto quanto óbvio. O vestido entrou. Mas não saía nunca mais.
Puxei, enrolei, deslizei e nada do vestido sair. E quanto mais eu puxava, mais
me desesperava, mais suada eu ficava, e mais o vestido grudava. Cíclico.
Infernalmente cíclico. Sentei no provador. Estava exausta. Eu ria tanto de mim
mesma naquela situação ridícula, desnecessária. E enquanto tudo isso acontecia,
a vendedora, da porta do provador gritava o mantra das vendedoras de shopping: E aí, tá dando certo?
Como pode
dar certo se entrei no provador com um vestido pra criança? Devia ter uma lei,
ou um regulamento interno que proibisse as vendedoras de seguir com o cliente
até o provador. Não há nada pior do que provar uma roupa pequena ou ridícula e
ter do lado de fora uma vendedora com pique de coordenadora de excursão
gritando: Mostra pra gente como é que ficou! Isso
quando elas mesmas não abrem a porta do seu provador para mentir,
descaradamente, que a calça 38 está linda em você, que usa manequim 42.
Um
regulamento como esse também deveria existir nos caixas dos supermercados, para
nos proibir de levar mais do que um pacote de bolacha recheada. Um fiscal em
cada caixa, contabilizando os quilos a mais para cada inofensivo pacotinho de
bolacha. Eu compro o pacote de bolacha e depois fico a semana inteira lutando
comigo mesma para resistir. Estranho, não?!
Não há nada
pior do que fazer dieta. E quando você começa a dieta, paira sobre você a
maldição das festas. Se você decidir fazer dieta, pode apostar que receberá na
mesma semana uma infinidade de convites para festas, Happy hours, cervejinha
com petiscos, festinhas infantis, chás de bebês. É incrível. E quando,
perseverante, você vai a festa, existe uma dúzia de pessoas que passarão o
evento inteirinho atrás de você,te tentando. “Só um brigadeiro não faz mal’, “só uma esfiha não tem problema”, “Só um
pedacinho de bolo”, “ Você não comeu nada”. Se você for comer a esfiha, o
brigadeiro e o pedacinho de bolo todo seu esforço da semana inteira cai por
terra. É....é difícil.
Me
matriculei na academia. Começo a aula sempre disposta. Depois de dez minutos já
quero alongar e ir tomar banho. Já é o suficiente para mim. Mas, persevero.
Começa a dificultar quando minhas pernas e braços começam a pesar cem quilos
cada um. Que esforço tenho que fazer para erguê-los....é realmente incrível
como o corpo da gente pode ficar tão pesado em alguns minutos.
Quando toca
o despertador, bem cedinho, me lembrando que é hora de me exercitar, morro de
preguiça. Penso em desistir. Em dormir mais uma hora e meia. Na minha cama
quentinha, aconchegante e macia. Mas, surge na minha mente o
mantra: E aí, tá dando certo? Imediatamente me levanto e vou tomar banho.
*Imagens de Arthur de Pins