domingo, 28 de abril de 2013

Pés descalços

Eu quero a segurança de dias claros. Quero a sorte de pisar sem me ferir. Quero a certeza.
A garantia. Quero o contrato. A assinatura. O atestado de que estou agindo certo. No momento exato.
Mas o que nos resta são dois pés descalços ávidos por novos caminhos. Incertos. Obscuros. Desconhecidos. Irresistíveis.
O que nos resta é sempre juntar nossas partes e caminhar descalços na estrada que vai para dentro. Desconhecer. Despir a alma, o cansaço e a dor. Ver nascer a velha chama da vida. Do amor e da fé.
O que nos resta é a plenitude de uma vida mansa. Pacífica. Serena. Novos sonhos. Novas línguas. Novas pontes que nos ligarão ao interior dos próprios medos e dos mais íntimos desejos. A própria intimidade da alma solitária. Grata por caminhar descalça. Grata pelas cicatrizes e pelo tempo que passou vagando até se encontrar no espelho do seu próprio coração.

2 comentários:

  1. Tem a sua cara esse poema, talvez porque você o escreveu. E se não for poema, é sim vai, tudo que é bonito tem que ser poema de poesia.rs. Você escreve bem, parabéns. Estou aguardando o livro de contos. =).beijos.

    ResponderExcluir